Badalam
os sinos da igreja. Portas se fecham e a marcha nupcial começa. A ansiedade
emana por todos os lados, dentro e fora do espaço. As atenções se voltam à
porta que agora se abre, revelando a tão esperada surpresa.
Enquanto
a noiva se desloca até o altar, emocionada, todos à sua volta despejam
opiniões aos cochichos. “Como ela está linda”; “Achei que o vestido fosse de
outro jeito”; “Estou com fome, tomara que a comida do Buffet esteja boa!”. A
cerimônia prossegue, e, como qualquer evento da atualidade, o propósito é
corrompido. As únicas pessoas que, talvez se preocupem com a efetiva
importância do evento, são os noivos.
Quando
termina a cerimônia e inicia-se a festa, os noivos, agora casados, cumprem sua
obrigação de anfitriões e passam as horas seguintes seguindo o protocolo de
ficar distantes um do outro, para agradar aos convidados. Hoje é comum até que
existam coordenadores de casamentos, para tentar fazer os noivos desafogarem um
pouco. Mesmo assim, muitas vezes os benditos terminam por mandar nos noivos,
que se afastam mais ainda, até o fim da festa.
“Plim”
e assim, a indústria do espetáculo ataca novamente. Tudo se transforma em uma
superprodução. Os casamentos simples, as festas com carnes suspeitas, batatas
no óleo, docinhos feitos em casa e humildade em sua essência vão embora junto
com o amor jurado no altar. Os efeitos holiwoodianos tomam conta e levam
consigo o propósito real do casamento.
E
nem existe a necessidade de ir tão longe, vinte anos atrás os casamentos tinham
gente falando bobagem, comendo e bebendo muito, familiares servindo as mesas,
ou mesmo um serviço de “pega na mesa dos salgados e se vira, meu filho”. Mas
naquela época havia uma coisa que hoje não existe: Amor.
Noivos que se amam e que, ao jurarem amor, na saúde e na doença, lembram-se que isso acontecerá um dia. Que precisarão acordar à noite e lembrar de ver se o marido está respirando por causa da apneia, ou lembrar-se que naquela semana do mês a esposa estará com uma TPM que se ele não se cuidar, voará pela janela do apartamento.
Noivos que se amam e que, ao jurarem amor, na saúde e na doença, lembram-se que isso acontecerá um dia. Que precisarão acordar à noite e lembrar de ver se o marido está respirando por causa da apneia, ou lembrar-se que naquela semana do mês a esposa estará com uma TPM que se ele não se cuidar, voará pela janela do apartamento.
Lógico
que não dá pra generalizar, ainda há quem se ame, respeite e zele pelo
companheiro até que a morte os separe. Mas casamento hoje em dia é feito pra
durar pouco mesmo. Talvez seja por isso que toda a produção tenha que ser paga
até o dia da festa. Vai que o "para sempre" não chega até o dia seguinte...
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